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quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

Livros que li em 2012: A Vida Quer é Coragem: A trajetória de Dilma Rousseff, a primeira presidenta do Brasil

Confesso que quando Lula, ainda em 2009, sinalizava que a candidata a sua sucessão presidencial seria Dilma Rousseff, não tive muita simpatia pela escolha, sobretudo por que imaginava que Marina Silva deveria ser a escolhida do PT e do Presidente Lula para as eleições 2010, acima de tudo por que Marina tem uma história de vida tão humilde e sofrida quanto a de Lula, além de uma sabedoria incomum. Já Dilma era  uma excelente ministra, mas sem experiencia em corridas eleitorais.

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Durante a Campanha presidencial de 2010 e durante  seu primeiro ano como Presidenta (2011), minha visão foi mudando radicalmente. Percebia, ainda na campanha que a mulher era muito preparada, e tinha ajudado Lula nos dois mandatos, principalmente o segundo, e era uma gestora que cobrava dos gabinetes a execução das obras.

Agora, depois da leitura do Livro A Vida quer é coragem: a trajetória de Dilma Rousseff- A primeira presidenta do Brasil, do jornalista Ricardo Batista Amaral, minha admiração cresceu significativamente.

Escrito por um ex-acessor de imprensa da própria Dilma enquanto era candidata, o livro conta em riquezas de detalhes alguns dos momentos mais marcantes da vida da Presidenta: a infância em Belo Horizonte, aonde se apaixonou por Literatura infanto juvenil; a adolescência no Colégio Estadual aonde mergulha na cultura política da época, incluindo bons filmes que assistia praticamente todos os dias; nas organizações clandestinas (Polop, Colina, VAR-Palmares); na tortura que sofreu enquanto estava presa no Presídio Tiradentes por quase três anos, entre outros detalhes.

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Sobre o período da Ditadura, o livro revelou uma foto (veja abaixo) que foi motivo de muitos comentários na internet e nos meio políticos. Na foto é possível ver Dilma  sendo interrogada por auditores na sala da Auditoria Militar no Rio de Janeiro. Na época ela tinha 22 anos. Interressante notar os militares escondendo o rosto para não ficar marcado na História.

Dilma, em Auditoria Militar 1970

Depois que saiu da cadeia Dilma tentar reerguer sua vida. Volta a estudar, se casa, luta pela anistia e redemocratização, se filia ao PDT de Brizola,  e se trona secretária de Energia, minas e Comunicação do Rio Grande do Sul. Enquanto o Brasil sofria o apagão, Dilma aumenta a oferta de energia em 46% no sul. 

Um dado interessante exposto no livro: Um estudo do TCU calculou em 45,2 bilhões de reais o prejuízo do apagão (60% na conta dos consumidores). Com esse dinheiro, seria possível erguer duas usinas do porte de Belo Monte, a maior obra do PAC, o programa que Dilma comandaria no governo Lula.

Com essa competência toda, Dilma é chamada por Lula para ser Ministra de Minas e Energia, e depois Ministra chefe sa Casa Civil.  Felizmente, com a crise do Mensalão, José Dirceu e Antonio Pallocci (que estava envolvido em outro escândalo de corrupção) não tinham mais condições para encarar uma corrida presidencial. Eles eram os nomes mais comentados para a sucessão de Lula. Foi assim que o nome de Dilma surge com força, principalmente na cabeça de Lula, pois nínguem mais apostava que ela seria candidata em 2010. Muito menos eleita a primeira presidenta da República federativa do Brasil.

O trecho do Jornalista Ricardo Kotscho em seu blog sobre o livro elucida ainda mais o que penso do livro:

Com tantos ingredientes dramáticos, Ricardo Amaral escapou da tentação de tratar sua personagem como heroína, retratando-a apenas como uma cidadã brasileira que teve um destino incomum, sem cair na pieguice ou na louvação, alternando as conquistas, os sofrimentos, os acertos e os erros na vida dela até chegar ao Palácio do Planalto.A perda do pai aos 15 anos, os amores e desamores na época da clandestinidade, a vida na prisão com outras mulheres torturadas que a reencontrariam na festa da posse no dia 1º de janeiro do ano passado, a luta contra o câncer no ínicio da campanha eleitoral, a “guerra santa” deflagrada por seu adversário no final do primeiro turno da campanha e que quase lhe custou a vitória, o triste papel da grande imprensa partidária, a sólida aliança política e afetiva com Lula, o primeiro presidente operário que elegeu na sua sucessão a primeira mulher _ está tudo lá neste brilhante livro-reportagem de quem testemunhou boa parte da recente história política do país.

(http://noticias.r7.com/blogs/ricardo-kotscho/?s=ricardo+batista+amaral)

O livro é, além de uma biografia política e uma painel da política brasileira dos últimos 30 anos, uma lição de vida de superação, de persistência, e de coragem, como o próprio título diz.

Pra quem gosta de política e de biografias é um prato cheio. Pra quem quer uma história de inspiração, também.

Por Robenilton Carneiro

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