A visão que tinha do Irã era de uma nação radical, extremista e fechada. Afinal de contas, lá temos uma teocracia, os direitos humanos não são respeitados, e existe um programa de enriquecimento de urânio que pode levar o país a ter uma bomba atômica. Após ler Os Iranianos, do jornalista Samy Adghirni, primeiro jornalista brasileiro a morar no país, minhas impressões mudaram. Não que alguns desses problemas não existam, porém, a nação encravada no coração do Oriente Médio, banhada, em parte pelo Golfo Pérsico, e em parte pelo mar Cáspio, é muito mais que isso.
Para início de conversa, os iranianos
são muito parecidos, guardadas as devidas proporções, com os brasileiros em
alguns aspectos. São supersticiosos e muito religiosos (não é atoa que é uma
Teocracia, porém parte da população é secularizada), hospitaleiros, se
alimentam relativamente bem, e tem uma população ativa em exercícios físicos e
esportivos, sem falar no esporte que é paixão nacional, o futebol!
Eles tem uma ideia de grandeza de
si mesmos, se orgulham de sua história, afinal ao longo de 4 mil anos foi sede
de grandes impérios, como o Persa e o Aquemênidas. Atualmente, pode ser
considerado um país moderno, considerado uma nação de classe média, no qual tem
uma saúde pública melhor que a brasileira, assim como o IDH (76º, enquanto o
Brasil está na 85º colocação). Os salários são baixos, porém o governo subsidia
parte dos combustíveis, dos transportes público e a educação. Na educação, tem
uma taxa de alfabetização e escolaridade considerada alta para níveis
regionais, e no ensino superior, destaca-se na arquitetura. Porém, um problema
constante é a chamada “fuga de cérebros”, que consiste na saída desses
profissionais para o exterior, principalmente para os E.U.A.
Curiosamente, esse
antiamericanismo exacerbado pelo regime islâmico é fruto mais de propaganda e
se restringe ao governo, pois, parte da elite local simpatiza com os norte-americanos
e envia seus filhos para estudarem no país.
Geograficamente é um país de
contrastes, com montanhas e desertos, com somente 11% das terras agricultáveis.
O clima também é extremo, com neve no inverno, principalmente na região de Teerã,
e muito calor nas regiões desérticas. Foi lá no deserto de Dasht-e-Lut que foi
registrado por satélite pela NASA a temperatura mais alta do mundo, com impressionantes 70o C.
A imagem de nação radical foi implementada
após A Revolução de 1979 que instituiu o regime Teocrático, que funciona em
forma de República, porém inspiradas nas leis corânicas. O aiatolá Khomeini foi
o grande líder dessa revolução que destronou o Xá Reza Pahlavi, que era apoiado
pelos E.U.A, e era acusado de secularizar o Irã.
O livro, que faz parte da coleção
Povos e Civilizações da editora Contexto, proporciona uma leitura fluente e
informativa sobre essa nação, cujo tapetes persas são conhecidos no mundo todo,
tem uma admirada escola cinematográfica, que sobrevive, apesar da censura do
governo, além é claro da gastronomia rica e saudável. Recomendo a leitura!
Por Robenilton Carneiro
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